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terça-feira, 1 de setembro de 2009

Figueira da Foz - SOS CABEDELO

Fotografia © Paulo Novais - Lusa
Eurico Gonçalves é um dos surfistas que querem salvar a onda da praia do Cabedelo, na Figueira da Foz, palco de competições internacionais de surf e uma das melhores da Europa, ameaçada de extinção devido às obras no molhe do porto comercial da Figueira da Foz.




A onda da praia do Cabedelo, Figueira da Foz, palco de competições internacionais de surf e uma das melhores da Europa, está ameaçada devido às obras no molhe do porto comercial, alertam os surfistas.
No intuito de "salvar" a onda, considerada de "excelência" no panorama do surf mundial, foi criado um movimento cívico que se manifesta, "não contra a obra em si, mas contra os efeitos negativos que o prolongamento do molhe norte está a ter na onda do Cabedelo", disse à Agência Lusa Eurico Gonçalves, porta-voz da comissão.
"Acima de tudo estamos contra a obra não ter contemplado no seu Estudo de Impacte Ambiental o surf. É muito frequente, nestas obras da orla costeira, o surf ser esquecido e, neste momento, é uma actividade de extrema importância para o turismo e economia das autarquias", alegou.
Pela manhã, na praia do Cabedelo, na margem sul do Mondego, a reportagem da Lusa constatou que as condições atmosféricas, com vento fraco do quadrante leste, indiciavam um excelente dia de surf, quadro confirmado pelo actual campeão nacional de 'longboard' e promotor do SOS Cabedelo.
"As ondas estão perfeitas, só que, como não existe banco de areia, rebentam todas ao mesmo tempo", sublinhou Eurico Gonçalves.
A situação, argumentou, deve-se à obra de prolongamento do molhe norte do porto da Figueira da Foz, que, por um lado, "envia a onda mais para o meio da praia" e, por outro, "impede a chegada da areia" ao Cabedelo.
"E o surf depende muito da criação de bancos de areia. O que podemos constatar é que é um péssimo dia de surf quando as condições seriam as ideais para a prática da modalidade", frisou.
Lembrando que a praia do Cabedelo recebeu, por quatro vezes, a elite do circuito mundial de surf, o movimento cívico assume-se "preocupado" com o eventual desaparecimento da onda, "uma das mais consistentes da Europa", a exemplo do que já sucedeu no Cabedelinho, praia situada entre os molhes norte e sul da barra do Mondego.
Mais resguardada, com características de "abrigo de porto" e habitualmente utilizada por escolas de surf na aprendizagem, a onda do Cabedelinho "servia de refúgio" em dias de tempestade, aos surfistas da região.
"Essa onda deixou de existir e nós não queremos que aconteça o mesmo à onda do Cabedelo", alertou Eurico Gonçalves.
O movimento cívico defende a implementação "imediata" de um 'bypass' no molhe - com recurso a uma bomba semelhante à das dragas e um 'pipeline' - para bombear areia de Norte para Sul.
A solução, advoga, é habitualmente utilizada para manter o transporte natural de sedimentos, interrompido por molhes, em países com tradição no surf, como a Austrália e África do Sul.
O SOS Cabedelo tem em curso a campanha "Não deixes morrer esta onda", que inclui um abaixo-assinado e, entre outras iniciativas, o "Dia das Ondas", previsto para Setembro.
"Vai ser um evento para celebrar as ondas. Não é só o surf que está em causa, através da erosão costeira estão em causa as praias e as casas das famílias, várias situações que precisam de ser ponderadas e revistas", afirmou Eurico Gonçalves.

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